quinta-feira, abril 08, 2010

Alice in Wonderland (2010), Tim Burton


Se há realizador que eu pensei que nunca, nunca me iria desiludir, esse era Tim Burton. Não havia um único filme em toda a sua longa lista (e eu vi-os todos, mes amis), que eu pudesse dizer, ná, não gostei lá muito desse. Mas estava já com receio que fosse acontecer alguma desgraça, algum dia. É inevitável, não é? E o destino tentou salvar-me, tendo demorado... um mês? mais? a conseguir ir ver este filme ao cinema. Toda a gente já tinha visto, as opiniões dividiam-se (COMO É QUE SE PODEM DIVIDIR??? COMO???), e eu achei por bem picar o ponto antes de chegar a Portugal.

Ora... nem sei por onde começar primeiro. Vamos pela história. Mas que raio? Sim, fazer uma sequela do Alice, muito boa ideia, toda a gente conhece a história original, também concordo, mas... que raio de história foi aquela? Sinceramente? Os primeiros dez minutos foram horrendos. E o resto do filme não melhorou. Aliás, quando Alice se atira para dentro do buraco no tronco de árvore, começa o verdadeiro pesadelo.

Não consigo ter qualquer empatia pela Alice, nem sequer rir do seu ridículo noivo, a única coisa que vejo acontecer são coisinhas pequenas desenhadas para fazer a plot avançar com o mínimo esforço possível, que não têm o menor interesse para mim (quero lá saber qual das rainhas ganha no fim, eu cortava a cabeça a ambas), a meia-hora do inicio já parecia que estava a assistir o filme há três horas, Helena Bonham Carter, minha cara, não consegues chegar sequer aos pés da Miranda Richardson no Blackadder II (e para a próxima, escolhe uma influência menos óbvia, ou disfarça mais), Johnny Depp, PORQUÊ?, e todos os sotaques durante o filme fizeram-me não perceber pívias do que se dizia a maior parte do tempo (legendas, onde, onde?). Feliz ou infelizmente, não senti a falta de perceber. Não me parece que fosse ter grande impacto na minha opinião final.

E sim, eu sei, mas qual é a onda do 3D? Porque raio foi este filme feito em 3D?? (em pós-produção, acrescento, como ávida leitora do American Cinematographer que me tenho tornado nos últimos tempos). Uma grande perda de tempo. E um grande roubo na minha carteira (aparentemente, nesta ilhota, pode-se reutilizar óculos 3D... pffff. Incha pelos óculos...).

Até a maldita música é irritante! Argh. E porquê tanta coisa à volta da "violência" da batalha final? Bocejo.

Eu tenho uma teoria (como sempre). Tim Burton + Disney NÃO FUNCIONA. E por favor, senhor Burton, e digo-lhe isto não como de um membro da audiencia para um realizador, mas como de uma realizadora grande admiradora e confiante no poder da revolução digital para outro - LARGUE OS BRINQUEDOS E TRABALHE. Sinceramente. Até eu me senti uma idólatra do 35 mm no fim deste filme...

Quando achamos que o nosso companheiro de desventuras gastou melhor o dinheiro do bilhete dele porque dormiu durante o filme quase todo... está tudo dito. Argh.