segunda-feira, março 19, 2007

Cartas de Iwo Jima (2006), Clint Eastwood





No fundo, no fundo, o que eu queria ir ver mesmo eram os Pecados Íntimos. Mas como falaram tão bem deste filme, ah, e tal, fantástico, e como eu gostei do Mystic River e filiei-me à pouco tempo numa sociedade maçónica de lobby anti-Scorsese porque realizadores populares não prestam para a comunidade underground, lá fui. Era suposto ter ido ver Flags of Our Fathers primeiro? Mas eu tou tão farta de filmes que pregam que a América é a maior, etc…

Primeiro ponto positivo: um filme sobre japoneses falado em japonês. Isto é bom. Se não fossem os artifícios técnicos americanos e a ausência de qualquer cena de kung-fu, ou seja, fechando os olhos, até parecia um filme nipónico.

Segundo ponto positivo: o homem filma bem, mas tão bem ao ponto de meter nojo a nós, míseros mortais que nos temos de contentar com mini-dvs e digitais 8. Mas quer dizer, é o Clint Eastwood, é o mínimo que se lhe podia pedir.

Menos bom (ou seja, a razão porque 4 euros gastos nos Pecados Íntimos talvez tivessem sido um melhor investimento) – mas que raio de primeira parte longa e aborrecida é aquela? Bolas, é um filme americano! Eles sabem como nos grudar a um filme, a sofrermos com as personagens, etc etc… Que é disso? Os tipos estavam metidos numa ilha, à espera de um ataque a qualquer momento, começaram a ver que estavam fritos… onde está a angústia/raiva/desânimo?

E aqueles flashbacks… os que mostravam o comandante Kirabaschi a privar com os americanos estavam muito bons, o do momento do cão... brutal. Mas aquela treta de quando foram buscar o padeiro… não havia mesmo outra maneira de nos dizerem que ele tinha mulher e filha?

É que um filme ou quer o espectador grudado ou quer o espectador como frio observador. Se escolhem a segunda opção, aquele momento final em que se descobrem as cartas vai soar a fatela. Ah, as cartas de Iwo Jima, ai que lindo, ainda ali estão, o outro tipo enterrou-as…

Pessoalmente, acho que o filme não perderia nada em ser um bocado mais a puxar para a lamechice e emoção. A começar de uma maneira que me lembrou logo o Titanic, nem iria parecer desbocado. Ou o Eastwood é demasiado macho para esse tipo de coisas? Não me parece…

É que se não fosse a primeira parte que se arrasta de maneira interminável… (apresentar as personagens durante uma hora e meia, quase? Ãh?), o filme era tão bom. Com japoneses a explodirem com granadas agarradas contra o coração… E o tipo que queria arrebentar com os tanques…

Quer dizer, não me apetece ver o filme outra vez. Ná. Estava à espera de ser arrebatada e népias. Há bons momentos, mas nunca se chega a um orgasmo cinematográfico.

Pronto, e estou chateada, porque começo a pensar que se calhar o The Departed era mesmo o melhor filme e isso é um pensamento que me perturba profundamente. Argh.

Se calhar estou é farta de filmes de coçar os tomates e beber minis… (que foi um termo que inventei mesmo agora para contrapor aos tãos criticados chick flicks… )


Venham os Pecados Íntimos. Subúrbios americanos sempre deram bons filmes. Acho eu.