terça-feira, maio 24, 2011

Hanna (2011), Joe Wright

Primeira descoberta do dia: filmes que têm trailers que prometem muito mas acabam com as palavras "música original dos The Chemical Brothers" têm uma certa tendência para conseguirem ser uma trip de videoclip.

Segunda descoberta do dia: não é tão bom como Expiação, não é tão mau como Bridesmaids promete ser.

Terceira descoberta do dia: se entre escolher entre ver o filme sozinha e ver com alguém que vai bufar, remexer-se na cadeira, mudar de posição, bufar mais um bocado numa língua incompreensível, abanar a cabeça, pôr as mãos na cabeça, e passar a hora a seguir ao filme a fazer uma descontrução (melhor dizer destruição) das premissas narrativas do filme, pffffffffff, é claramente melhor para a próxima espetar um calmante na comida desse alguém antes do filme ou resumir-se a ser forever alone e espetar-me a mim e à minha independência numa sala perto de mim.

Quarta descoberta do dia:
Que posso dizer eu, destreinada como ando destas andaças blogosféricas? Que foi tão bom como eu esperava que fosse? Não, não o é. Não percebo os high ratings que tem recebido de todo o lado - aparte do facto que Saoirse Ronan é das melhores coisas que por aqui anda - e quiçá compreendo porque é que este script esteve tanto tempo na infame Black List; abandonado por Danny Boyle e tudo, se calhar nunca devia ter acontecido. Ou então devia ter acontecido noutras mãos. Quem sabe. O que está feito feito está.

Deixemos a história que o meu caro amigo resolveu questionar acima de tudo - o que é que acontece à família? porque raio têm eles de ligar o interruptor em vez de sair tranquilamente para a civilização com passaportes falsos? porque é que a tipa os quer matar ao fim de tanto tempo?

Eu estou-me a lixar para questões narrativas, meus caros. Depois de semanas e semanas a mudar a cor de letras no After Effects e a fazê-las saltar uma por uma eu quero é limpar o meu cérebro. Eu quero um bom filme de acção sem pretensões, eu quero estar na beirinha da cadeira e dar o passo em frente para o abismo.

Mas...

Digamos que estarei para sempre contaminada com o trabalho que faço. E que certas coisas me têm o condão de irritar. Como a cena onde a CIA ataca a pequena casa no círculo polar. Ou quando Hanna foge das instalações secretas - parece que Joe Wright se esqueceu por momentos que está a fazer um filme e não um videoclip para os Chemical Brothers...

Talvez o mais irritante seja ainda a sensação que a história está a acontecer a uma velocidade extraordinária, apesar do filme durar quase (oh deuses pecado moderno!) duas horas. Nada fica muito na memória, e nem por um momento a minha boca fez um aw de simpatia por nenhuma das personagens.

Bons momentos: a cena em que o pai sai do aeroporto, desce para o metro, é atacado, luta e defende-se, e vai-se embora - tudo num único take. Sim, digamos que essa é a marca de autor de Joe Wright: preguiça. Quero dizer, virtuosidade.

Mas seria tão bom se ele tivesse parado de olhar para a câmara por um bocado e olhasse para o que se passava à frente dela...