Ora bem, que razões pode ter uma miúda que na maior parte dos dias se considera uma pseudo-intelectual, rapariguinha que mais depressa se torna monja budista que sobe ao altar de vestido branco, que não quer ouvir falar sequer em romance e compromisso e anilhas e etc e tal, a ir ver a solteira das solteiras, Carrie Bradshaw, com quem cresceu a ver
à socapa uma das poucas séries que tinha bolinha vermelha nos anos 90, e que lhe impingiu o desejo secreto alas nunca resolvido de ser uma escritora nova-iorquina bem-sucedida, a deixar-se levar para o altar pelo Mr. Big?
Todas!!!!
Sex and the City é o responsável pela existência de gajas com a mania que são independentes (como eu), além de ter aberto o caminho a séries tão interessantes como The L Word . (e reparem naquela mesh up frustrada das duas séries que é Cashmere Mafia). E numa altura em que parece que tudo o que é série está obrigado a ter uma adaptação cinematográfica (Simpsons, X-Files…), porque não esta?
Sim, é um episódio quase quádruplo, um prólogo à série e às manias que vimos desenvolver perante os nossos olhos. Mas poderia ser outra coisa? Michael Patrick King é o típico realizador tarefeiro que se estreia nestas andanças. Sim, lá veremos Carrie casar (não como pensamos que casaria - mas não quero estragar a surpresa…), e temos a delicia de rever Samantha mais gordinha e mais… monogâmica???? Depois a irritante Miranda e a parvinha Charlotte, ambas casadas e com uma vidinha típica… Para quem não seguia a série, a explicação inicial dá um cheirinho da história e personalidades de cada uma.
Depois temos o politicamente correcto com uma actriz negra a fazer de assistente de Carrie (Jennifer Hudson), e os gays de serviço (lésbicas nem vê-las – seria demasiada a insinuação, parece-me). Com uma música inicial que deixa as fãs loucas, passando depois para um hip-hop numa de ‘eh, os anos 90 já passaram, actualizem-se!’ (um bocado detestável, mas pronto), e piadinhas escatológicas, appleísticas e até púbicas – a série também era assim, eu lembro-me bem do episódio em que Carrie deixa escapar um pum à frente de Mr. Big… - lá vamos vendo 148 minutos de filme. Sim, houve quem achasse que até ao intervalo já era demasiado filme, mas não, nunca poderia acabar assim. Com uma viagem ao México, a descoberta do amor verdadeiro, bebés, roupa e sapatos, lá caminhamos em cima de high heels até ao final previsível, que, pronto, era-o demasiado.
Sim, a moda mudou muito nos últimos anos – genial o momento do desfile do ‘pior dos anos 80’. Referência a Cinderela – pirosa. Samantha como monogâmica? Demasiado forçado. Ter mulheres quarentonas e cinquentonas a protagonizar filmes, com banhas e estrias à mostra ? Hurrayyy!!_ Pior tagline de sempre (‘Get Carried Away’)? – bastante provável. Trocadilhos com o nome do Mr. Big? Nunca suficientes.
Em suma, um filme de gajas – e para gajos que gostem de moda -, um presentinho para os fãs da série, um mega-final (?) para a trapalhada toda, a vontade renovada de ir para Nova Iorque com 4 amigas e fazer uma vida esplendorosa… ahahahahah….
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