quinta-feira, setembro 27, 2007

The Simpsons, (2007), David Silverman


Spider Pig, Spider Pig...

(começo por pedir desculpa por ter entrado numa de silly season e morrido para a aldeia virtual durante as férias)

Os Simpsons são um fenómeno. Acho que não há dúvidas a respeito disso. Tantos anos a fazerem as delícias amarelas dos viciados em televisão, a retratarem a família americana deliciosamente disfuncional, com aqueles créditos iniciais sempre diferentes, os episódios especiais de Halloween e Natal (muitos deles realizados pelo senhor Silverman), as piadas politicamente incorrectas (mas de uma maneira bem mais subtil que o South Park ou o Family Guy), e no fim de esperar tanto tempo por um filmezinho da coisa, a expectativa era tudo menos alta. Sabem, é aquela coisa, o próprio Groening admitiu estar à espera que as audiências da série descessem para avançar com o filme. E elas não desciam.

Mas esquecendo por momento todo o contexto sócio-cultural-histórico da coisa, passo para o filme como objecto de arte autónomo e etecetera e tal (um conceito um bocado estranho, já que na minha opinião quase tudo se resume ao humor dos críticos – não que devesse ser assim). Ora o filme foi violentamente acusado de ser um episódio da série esticado para uma hora e meia. Hum. Pensemos um bocado. De que maneira peregrina o filme poderia não o ser? Porque os episódios dos Simpsons seguem uma estrutura narrativa clássica (mais ou menos), tal como a maioria dos filmes-pipoca e mesmo alguns filmes-chazinho-e-scones (isto não é bem da minha autoria, é um conceito que surgiu com as art-houses americanas, o que prova que eu até ando a aprender umas coisas enquanto me passeio pelo curso). ‘Ah, e tal, o filme só faz sentido para quem for fã da série’. Hum. Sim, é verdade. Também acho que poderá captar alguns espectadores para a série. Mas isso é como tudo. Que sentido faz ir ver o filme dos Simpsons se não se for fã da série? Eu não fui ver os Transformers por essa razão. E apelar aos fãs já é muito bom (veja-se caso Harry Potter, em que a maioria dos ‘fãs-puros’, i.e., aqueles que leram os livros primeiro, não vão à bola com os filmes).

Esta verborreia virtual toda para dizer que The Simpsons: The Movie é um bom filme, desde que se seja fã da série e não se tenha o mesmo grau de humor que os espectadores dos pouco saudosos programas de candid camera. E um certo grau de cultura cinematográfica. Não aquela que os profs dos cursos de cinema pedem, mas aquela que o pessoal que vê filmes na televisão no fim-de-semana adquire naturalmente. Porque tal como os episódios, há tanta piscadela de olho que nem sei por onde começar. (Senhor dos Anéis, Titanic, vida pessoal do Exterminador Implacável…).

A história, que se desenvolveu a partir da premissa ‘Homer apaixona-se por um porco’ é bastante boa, porque além de ser divertida, joga com as características das personagens (Bart a querer ser adoptado por Flanders, Lisa com um namorado não-imaginário, Marge a querer pôr fim ao casamento). Forçado? Arrastado? Onde?

Os meus farabéns lambidos ao senhor compositor Hans Zimmer, que fez uma banda sonora brilhante a partir do tema de Elfman e que criou a primeira música com menos de 70 segundos a chegar ao top britânico: a versão coral do genial Spider Pig, que se entranha na nossa mente e nos obriga a tautear nas ocasiões mais impróprias. Vendo o passado do senhor Zimmer, vejo que outros trá-lá-lás dele incluem a segunda e terceira parte dos Piratas das Caraíbas, Madagáscar, O Último Samurai, Pearl Arbor, Gladiator, O Rei Leão, Thelma and Louise… uffff!!!!

Melhores momentos: Lisa a contar à mãe do rapaz irlandês, Bart e o chocolate quente de Flanders, Homer e a Boob Lady, todas as cenas em que aparece o porco, a chegada ao Alaska, etc etc etc, e os créditos finais, em que se tem de ficar MESMO ATÉ AO FIM para valer a pena.

Coisas más? A Lisa e o Sr. Burns não aparecem tanto como eu gostaria….Snif snif

Sequel?’

2 comentários:

Fernando Oliveira disse...

já tinha saudades do teu pessoalíssimo e anárquico estilo de crítica cinematográfica. então e que tal esperares menos de 3 meses para escrever a próxima?

LadyS disse...

Hum... não sei, não sei... (I will not wait another 20 years to make another movie... ;)

Tudo depende de irmos ver o 'Stardust' esta semana!