Se bem que o Verão provoque em mim um estranho estado de mau-humor, garanto que não é por isso (ou não é só por isso) que as minhas pseudo-críticas por aqui se têm tornado tão parecidas com as que vocês podem ler por aí pelos jornais. Começo até a perceber esses senhores (se bem que nunca o vou admitir em frente a nenhum deles) – no fim de nos habituarmos a determinados padrões de qualidade, é difícil nos contentarmos com qualquer areiazinha para os olhos. Seja lá o que for um filme de qualidade…
Há uns tempos decidi que, uma vez que está na minha lista de coisas a fazer tornar-me uma realizadora de cinema mundialmente reconhecida e etcetera e tal, devia ver mais filmes nacionais, pra não dar uma de inculta em possíveis entrevistas com jornalistas cultos e para ter mestres que referir em discursos de agradecimento, de preferência o mais desconhecidos possível. Havendo o tal ciclo no TAGV, no qual tinha já visto o filme do Lynch, não quis deixar passar a oportunidade de ver o novo do Joaquim Leitão, naquela. Ok, não exactamente ‘naquela’. Foi mais para ver o Marco d’Almeida e conseguir decidir se ele é um bom actor ou um … actor bom. Na inexistência de pessoas superficial e futilmente bonitas nos meus ciclos próximos, tenho de, numa atitude pré-adolescente completamente confessa, idolatrar pessoas que vejo na televisão e em meios que tal.
Pronto, e lá fui ver o Marco d’Almeida. E meus caros amis, o rapaz é bastante engraçado, mas de repente, mal o filme começou, para mal dos meus pecados, as minhas hormonas silenciaram-se e o meu cérebro (ou seja lá o que for que está nesse sítio) falou mais alto. É bastante difícil tentar ignorar, por momentos que sejam, que me tornei irremediavelmente uma intelectualóide que estuda cinema, e em vez de me estar a babar para o maganão suado de farda, tive o azar de topar o quão mau era o filme. Bolas bolas bolas.
Primeiro que tudo, e tenho a impressão que contra um futuro eu falo, que merda de diálogos são aqueles? Se é de um filme realista que se trata, se calhar não faria mal os actores serem um bocado mais, sei lá, realistas? A única grande frase foi aquela ‘Escreva aí, senhor padre. Alzira… minha gande puta’. Quando vi o nome do produtor Tino Navarro entre os argumentistas, compreendi. Ou se calhar o mal estava já no Joaquim Leitão, que o Fernando Oliveira tão bem me lembrou, foi o autor da mais célebre frase do cinema português: ‘Vai à merda. – Vai tu.’ Isto, meus amigos, nem Shakespeare, porque se ele escrevesse assim a rainha tinha-lhe cortado a cabeça no fim da primeira peça.
Depois, a história em si. Não percebi bem qual era o objectivo, se é que havia um. Pelos vistos havia um mistério… Uh. Tinham assassinado um coitadito qualquer que andava metido com o comandante (estranhamente, o casal homossexual era o único que não parecia ter tendências homossexuais) – digo-vos que o deviam ter assassinado mais cedo, porque se ele diz duas frases no filme, são duas frases a mais, de tão deslocado que parecia ali (apresentar um número amador durante a guerra colonial não é a mesma coisa que fazer um concerto com os DZR’T, alguém lhe devia ter dito.) Depois, toda a situação de repetirem vezes sem conta as supostas ‘pistas’ – o número do cacifo, etc etc etc. Além do mais que não havia muita dúvida sobre quem era o weirdo ali (uma das melhores interpretações, a rapariga tem mesmo jeito pra coisa). ‘Então e qual é o versículo? – Versículo 20, linha 13. Vê aí: 20, 13.’ ‘Então e onde está o cacifo 20, 13? – O cacifo 20,13 está lá atrás, ninguém o quer’ – a vocês não sei, mas isto faz-me lembrar os textos da primária. É um insulto à inteligência do espectador, que vê episódios do CSI há bué e tem mais de 6 anos.
E as explosões, - mas que raio era aquilo??? E o trabalho de fotografia… Sim, geralmente os filmes portugueses pecam por estarem mal iluminados, tanto que uma pessoa nem percebe o que se passa. Mas ali… eu não estava lá, mas duvido que Moçambique, nos anos 60, no meio do mato, tivesse tanta luz como um campo de futebol… E quando vemos uma personagem com um candeeiro por cima, por que raio vem a luz de baixo? Duh?
Mais uma palavrinha para a banda sonora: eu gosto muito de música contemporânea. De algumas coisas. E de uma coisa tenho a certeza: duas notas repetidas ad nauseam, sempre as mesmas, em todas as situações e mais alguma, não é vanguarda nem pós-vanguarda (tanto mais que uma banda sonora deve estar subordinada ao filme, i.e., primeiro que tudo, ser funcional), é pura e simplesmente idiotice. (ih, estou mesmo má)
Quanto ao Marco d’Almeida, lá esteve. Não me pareceu nada de extraordinário. Mas o ser razoável em tal panorama já foi muito bom. Mas quem sou eu pra atirar postas de pescada, não é? Pois é.
Há uns tempos decidi que, uma vez que está na minha lista de coisas a fazer tornar-me uma realizadora de cinema mundialmente reconhecida e etcetera e tal, devia ver mais filmes nacionais, pra não dar uma de inculta em possíveis entrevistas com jornalistas cultos e para ter mestres que referir em discursos de agradecimento, de preferência o mais desconhecidos possível. Havendo o tal ciclo no TAGV, no qual tinha já visto o filme do Lynch, não quis deixar passar a oportunidade de ver o novo do Joaquim Leitão, naquela. Ok, não exactamente ‘naquela’. Foi mais para ver o Marco d’Almeida e conseguir decidir se ele é um bom actor ou um … actor bom. Na inexistência de pessoas superficial e futilmente bonitas nos meus ciclos próximos, tenho de, numa atitude pré-adolescente completamente confessa, idolatrar pessoas que vejo na televisão e em meios que tal.
Pronto, e lá fui ver o Marco d’Almeida. E meus caros amis, o rapaz é bastante engraçado, mas de repente, mal o filme começou, para mal dos meus pecados, as minhas hormonas silenciaram-se e o meu cérebro (ou seja lá o que for que está nesse sítio) falou mais alto. É bastante difícil tentar ignorar, por momentos que sejam, que me tornei irremediavelmente uma intelectualóide que estuda cinema, e em vez de me estar a babar para o maganão suado de farda, tive o azar de topar o quão mau era o filme. Bolas bolas bolas.
Primeiro que tudo, e tenho a impressão que contra um futuro eu falo, que merda de diálogos são aqueles? Se é de um filme realista que se trata, se calhar não faria mal os actores serem um bocado mais, sei lá, realistas? A única grande frase foi aquela ‘Escreva aí, senhor padre. Alzira… minha gande puta’. Quando vi o nome do produtor Tino Navarro entre os argumentistas, compreendi. Ou se calhar o mal estava já no Joaquim Leitão, que o Fernando Oliveira tão bem me lembrou, foi o autor da mais célebre frase do cinema português: ‘Vai à merda. – Vai tu.’ Isto, meus amigos, nem Shakespeare, porque se ele escrevesse assim a rainha tinha-lhe cortado a cabeça no fim da primeira peça.
Depois, a história em si. Não percebi bem qual era o objectivo, se é que havia um. Pelos vistos havia um mistério… Uh. Tinham assassinado um coitadito qualquer que andava metido com o comandante (estranhamente, o casal homossexual era o único que não parecia ter tendências homossexuais) – digo-vos que o deviam ter assassinado mais cedo, porque se ele diz duas frases no filme, são duas frases a mais, de tão deslocado que parecia ali (apresentar um número amador durante a guerra colonial não é a mesma coisa que fazer um concerto com os DZR’T, alguém lhe devia ter dito.) Depois, toda a situação de repetirem vezes sem conta as supostas ‘pistas’ – o número do cacifo, etc etc etc. Além do mais que não havia muita dúvida sobre quem era o weirdo ali (uma das melhores interpretações, a rapariga tem mesmo jeito pra coisa). ‘Então e qual é o versículo? – Versículo 20, linha 13. Vê aí: 20, 13.’ ‘Então e onde está o cacifo 20, 13? – O cacifo 20,13 está lá atrás, ninguém o quer’ – a vocês não sei, mas isto faz-me lembrar os textos da primária. É um insulto à inteligência do espectador, que vê episódios do CSI há bué e tem mais de 6 anos.
E as explosões, - mas que raio era aquilo??? E o trabalho de fotografia… Sim, geralmente os filmes portugueses pecam por estarem mal iluminados, tanto que uma pessoa nem percebe o que se passa. Mas ali… eu não estava lá, mas duvido que Moçambique, nos anos 60, no meio do mato, tivesse tanta luz como um campo de futebol… E quando vemos uma personagem com um candeeiro por cima, por que raio vem a luz de baixo? Duh?
Mais uma palavrinha para a banda sonora: eu gosto muito de música contemporânea. De algumas coisas. E de uma coisa tenho a certeza: duas notas repetidas ad nauseam, sempre as mesmas, em todas as situações e mais alguma, não é vanguarda nem pós-vanguarda (tanto mais que uma banda sonora deve estar subordinada ao filme, i.e., primeiro que tudo, ser funcional), é pura e simplesmente idiotice. (ih, estou mesmo má)
Quanto ao Marco d’Almeida, lá esteve. Não me pareceu nada de extraordinário. Mas o ser razoável em tal panorama já foi muito bom. Mas quem sou eu pra atirar postas de pescada, não é? Pois é.
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