Tanto, tanto tempo há espera deste filme... arrrrghhh. Um filme sobre a época Tudor não realizador pelo Kapur... sim, sim, sim!!!
Ou não?
A verdade é que é muito complicado agadar-me nestas coisas, eu, que consumo tudo o que cheira remotamente a ruffs e collants. E quando dão na televisão séries do gabarito de Elizabeth com Helen Mirren (que além da I intrepretou a II, a mulher corre as Bessies todas) ou mesmo Os Tudor (que só vi depois, e não sei se não tem um toque modernaço demais…), fazer um filme sobre a coisa é arriscado…
A história centra-se no namorico de Henry VIII com Mary e depois Ann Boleyn, respectivamente interpretados por Eric Bana, Scarlett Johansonn e Natalie Portman. Ora, o que é novidade em termos de representação histórica, deixem-me já informar-vos, é: Henry VIII como alguém humano; Mary Boleyn sem ser uma putinha. De resto, segue as mesmas linhas gerais de milhares e milhares de recriações anteriores.
Ou não?
A verdade é que é muito complicado agadar-me nestas coisas, eu, que consumo tudo o que cheira remotamente a ruffs e collants. E quando dão na televisão séries do gabarito de Elizabeth com Helen Mirren (que além da I intrepretou a II, a mulher corre as Bessies todas) ou mesmo Os Tudor (que só vi depois, e não sei se não tem um toque modernaço demais…), fazer um filme sobre a coisa é arriscado…
A história centra-se no namorico de Henry VIII com Mary e depois Ann Boleyn, respectivamente interpretados por Eric Bana, Scarlett Johansonn e Natalie Portman. Ora, o que é novidade em termos de representação histórica, deixem-me já informar-vos, é: Henry VIII como alguém humano; Mary Boleyn sem ser uma putinha. De resto, segue as mesmas linhas gerais de milhares e milhares de recriações anteriores.
Como cinema (falando de termos técnicos, peço desculpa a quem não gosta destas partes, passe à frente e pense que podia ser pior, já que ando a aprender a analizar música erudita contemporânea e que bom que era pôr aqui partituras e falar de clusters e trítonos e serialismo integral e ninguém me acusaria de ser uma tecnicista… sim, o cinema é uma técnica e uma arte, não é só a história que interessa…[1]), é fraco, muito fraquinho – se nas primeiras vezes pensamos que é muito original fazer a transição de cena, ou fade, através de um travelling horizontal para as sombras e saindo das sombras, à décima quarta vez já é saturante. E não há muita exploração de widescreen, nem de imponência visual, nem mostrar os belíssimos figurinos (óptimo trabalho de ?) em todo o seu esplendor de cor – sim, um filme interessantíssimo a nível cromático, como j+a deixava adivinhar pelo poster. Isto tudo para dizer que o que o senhor Kapur tem a mais, aqui há de menos, e sentimos a falta da qualidade épica da coisa (se bem que é uma historieca de índole íntima, passada por baixo de lençóis e atrás de paredes secretas, mas bolas, é o Henry VIII, vamos lá reforçar essas cavalgadas…
Mas palmas para o sentido pouco pudico do filme (não, não estou a ser irónica) – nunca num filme desta época ouvi falar tanto de menstruação, e partos, e gosma, e etc etc etc. Fluidos, para resumir. (entretanto vi The Baby of Mâcon do Greenaway que põe este a um canto e quero prestar-lhe vassalagem) Realista, visceral, um bom retrato das crendices da época (a parte em que Ann é presa num quarto com grades diz muito da mentalidade tudor…)
O ponto fortíssimo do filme é Portman, no papel da bruxa de seis dedos, aka Ann Boleyn, que mostra um tal rol de manipulações, ambição e sei lá mais quê que é, até à data (e desculpa-me Helena Bonham Carter) a melhor Ana Bolena que já vi. Já Eric Bana, poderosíssimo e frágil nos seus momentos com Mary, mas não me convence como o rei das seis mulheres. E por fim Scarlett, não sei se foi por tê-la visto antes a fazer de Mary Poppins, agora como Mary Boleyn, demasiado type casting, demasiado sonsinha e boazinha para ser verdade. Ou então sou eu, que prefiro ver uma irmãzinha mais velha menos perfeitinha, e boa mãe, e boa esposa, etc etc.
Banda sonora adequada, por Paul Cantelon. Isto é, nada de arrebatador, mas suficientemente evocativa.
Grandes momentos: sem dúvida, quando Ann está prestes a ser decapitada e acredita (porque Henry assim o tinha dito a Mary) que iria ser perdoada. Ups. (não considero isto contar o final porque: 1. Não é o final; 2: qualquer pessoa que saiba o mínimo de história inglesa sabe que Ann Boleyn foi decapitada. Emocionante o momento das criancinhas a correrem no fim, à maneira de prólogo, em que vemos a gloriosa Regina Elizabeth I a correr por entre o trigo, como a sua mãe e tios tinham feito antes dela. Ah, o futuro de Inglaterra, a Golden Age, que profético…
Não se perde nada em ver, se for só para ver um telefilme de época… há coisas piores. Tipo Alvin e os Esquilos. Ou, credo, Haverá Sangue protagonizado por Alvin o Esquilo. O Musical.[2]
[1] Este enorme desabafo tem uma razão específica que não me apetece explicar. Fica como reflexão generalista casual.
[2] Claramente um dos sinais do Apocalipse, referido a seguir ao soar da Quarta Trombeta.. Espero que os malucos dos estúdios (penso sobretudo nos malfadados do Scary Movie ) não saibam português suficiente, senão estamos inquietados e não quero ter esse peso na consciência.
2 comentários:
tenho que dizer que as tuas criticas sao regra geral interessantes...ponto de vista diferente, mas sinceramente so criticas producoes de Hollywood nos ultimos tempos...o que é lemantavel...
As opinioes sobre indie de Hollywood...well...
Sim, decidi que aqui só critico o que vou ver ao cinema - daí a comercialidade das maior parte das coisas (o que nem sempre é uma coisa má...). Mas tenho imensas críticas atrasadas... snif.... maldita universidade... e consegui ver algumas coisas mais alternativas naquela coisa indizível que é a Lusomundo...
brigado pelo fidibáque. ;)
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