Para começar, deixem-me exprimir a minha enorme consternação por os senhores das grandes cooperativas que detém a distribuição dos filmes americanos no velho continente acharem que nós somos estúpidos demais para perceber o conceito da Grindhouse e, por ter resultado mal no país que viu nascer no seu jovem seio o fenómeno, resolveram partir a coisa ao meio e vendê-la aos fascículos para estes lados. Depois, dêem espaço para eu exprimir a minha enorme raiva por aquela coisa chamada Lusomundo que monopoliza a exibição nas salas portuguesas e que achou que o filme de Tarantino apenas interessava às pessoas das grandes metrópoles (incluindo estas grandes metrópoles Aveiro e excluindo Coimbra, que eu sempre desconfiei ser uma cidade de quarta categoria num país do Terceiro Mundo). Finalmente, vamos à minha pseudo-crítica.
Ora (que maneira tão pouco intelectual de começar uma crítica), o filme é mau. E é esse o objectivo. Por isso o filme é bom. Não na onda do ‘so bad it’s good’, mas na onda do puro mau, na celebração orgiástica (não onanista, como eu receava) do Mau em todo o seu esplendor. Não que eu seja um jovem rapaz americano nos seus 30 anos que passou a adolescência fechado em salas de série Z para que ninguém visse o acne alienígena que lhe cobria a cara. Não que eu tenha uma necessidade lésbica ardente de ver as longuíssimas pernas da McGowan. E houve milhões de piscadelas de olho que me passaram mais que ao lado. Mas gostei do filme (se bem que, entendido, isso não diga nada acerca do valor artístico do mesmo. Opiniões pessoais são para os cafés, não para análises e críticas cuidadas… F*CK OFF, voz intelectualóide dentro da minha cabeça!). Para mim é sobretudo um exercício de forma, e foi à espera disso que fui, e não fiquei desiludida. As falhas de película (houve mesmo pessoas a reclamar?? – se acham aquilo má qualidade deviam tentar ver as VHS da sala de cinema no meu vídeo dos anos 70…) não são assim tantas, os planos e movimentos de câmara estão bem feitos demais para série Z – e eu à espera de zooms e desfocagens à vídeo de férias... e nem uma perche intrometida em lado nenhum…), as explosões parecem reais, a ‘missing reel’ acontece no momento mais previsível (mas nem por isso deixa de nos fazer soltar uma risadinha perversa), e os actores… eh pá, tanta cara conhecida. Planet Terror é o que a série B, C e daí até à ZZZ (e aviso que não sou especialista, mas deve ser uma coisa muito divertida de ser) poderiam ter sido se tivessem dinheiro para isso. A nível técnico, bem entendido.
A nível de exploração de temas, narrativa e blá blá blá, aí é que está a homenagem à série B. Porque filme com mais clichés – propositados, leia-se - só mesmo o Team America. Aquele genérico inicial exageradíssimo e com o seu quê de mórbido – porque a maior parte dos espectadores já sabe o que vai acontecer a uma daquelas pernas lascivas, e intuímos que não vai ser bonito – desarma qualquer pessoa. Grita tanta sensualidade que esta desaparece no meio das risadinhas.
Grandes momentos? Ui, tantos. Nem me parece de bom tom estragar a surpresa a quem ainda não viu. Mas não resisto. Com licença. SPOILERS WARNING Um dos meus favoritos é quando Bruce Willis, afectado pela radiação, diz, com uma voz série, ‘I killed Bin Laden’. Depois o momento em que El Wray entra no hospital para salvar a miúda. Os zombies todos, lindos. (sugiro um novo filme de zombies português, em que o líder dos maus seria interpretado por Manoel de Oliveira e teria como nome de código Dr. Bacalhau. Vá, roubem-me a ideia, não me importo se tiver o prazer de ver tal coisa concretizada no grande ecrã). Também toda aquela cena em que Dakota Block que não consegue mexer as mãos. E chega END SPOILERS WARNING. Obrigado.
Vale a pena ver? Sim. Mas em condições diferentes: com a sessão dupla original, legendas em brasileiro, qualidade de imagem tipo ponto de cruz e um som do fundo do poço. Os americanos podem ter o Grindhouse… mas nós temos o dvd dos ciganos. Ah pois é![1]
[1] isto não é, de maneira nenhuma, uma defesa desses dvds vindos do inferno. Todo o filme merece ser visto nas melhores condições possíveis. É claro que o preço dos bilhetes de cinema e a política de exibição de uma certa empresa referida anteriormente não ajudam muito às nobres intenções…
Ora (que maneira tão pouco intelectual de começar uma crítica), o filme é mau. E é esse o objectivo. Por isso o filme é bom. Não na onda do ‘so bad it’s good’, mas na onda do puro mau, na celebração orgiástica (não onanista, como eu receava) do Mau em todo o seu esplendor. Não que eu seja um jovem rapaz americano nos seus 30 anos que passou a adolescência fechado em salas de série Z para que ninguém visse o acne alienígena que lhe cobria a cara. Não que eu tenha uma necessidade lésbica ardente de ver as longuíssimas pernas da McGowan. E houve milhões de piscadelas de olho que me passaram mais que ao lado. Mas gostei do filme (se bem que, entendido, isso não diga nada acerca do valor artístico do mesmo. Opiniões pessoais são para os cafés, não para análises e críticas cuidadas… F*CK OFF, voz intelectualóide dentro da minha cabeça!). Para mim é sobretudo um exercício de forma, e foi à espera disso que fui, e não fiquei desiludida. As falhas de película (houve mesmo pessoas a reclamar?? – se acham aquilo má qualidade deviam tentar ver as VHS da sala de cinema no meu vídeo dos anos 70…) não são assim tantas, os planos e movimentos de câmara estão bem feitos demais para série Z – e eu à espera de zooms e desfocagens à vídeo de férias... e nem uma perche intrometida em lado nenhum…), as explosões parecem reais, a ‘missing reel’ acontece no momento mais previsível (mas nem por isso deixa de nos fazer soltar uma risadinha perversa), e os actores… eh pá, tanta cara conhecida. Planet Terror é o que a série B, C e daí até à ZZZ (e aviso que não sou especialista, mas deve ser uma coisa muito divertida de ser) poderiam ter sido se tivessem dinheiro para isso. A nível técnico, bem entendido.
A nível de exploração de temas, narrativa e blá blá blá, aí é que está a homenagem à série B. Porque filme com mais clichés – propositados, leia-se - só mesmo o Team America. Aquele genérico inicial exageradíssimo e com o seu quê de mórbido – porque a maior parte dos espectadores já sabe o que vai acontecer a uma daquelas pernas lascivas, e intuímos que não vai ser bonito – desarma qualquer pessoa. Grita tanta sensualidade que esta desaparece no meio das risadinhas.
Grandes momentos? Ui, tantos. Nem me parece de bom tom estragar a surpresa a quem ainda não viu. Mas não resisto. Com licença. SPOILERS WARNING Um dos meus favoritos é quando Bruce Willis, afectado pela radiação, diz, com uma voz série, ‘I killed Bin Laden’. Depois o momento em que El Wray entra no hospital para salvar a miúda. Os zombies todos, lindos. (sugiro um novo filme de zombies português, em que o líder dos maus seria interpretado por Manoel de Oliveira e teria como nome de código Dr. Bacalhau. Vá, roubem-me a ideia, não me importo se tiver o prazer de ver tal coisa concretizada no grande ecrã). Também toda aquela cena em que Dakota Block que não consegue mexer as mãos. E chega END SPOILERS WARNING. Obrigado.
Vale a pena ver? Sim. Mas em condições diferentes: com a sessão dupla original, legendas em brasileiro, qualidade de imagem tipo ponto de cruz e um som do fundo do poço. Os americanos podem ter o Grindhouse… mas nós temos o dvd dos ciganos. Ah pois é![1]
[1] isto não é, de maneira nenhuma, uma defesa desses dvds vindos do inferno. Todo o filme merece ser visto nas melhores condições possíveis. É claro que o preço dos bilhetes de cinema e a política de exibição de uma certa empresa referida anteriormente não ajudam muito às nobres intenções…
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