Fui ver este filme pelo triste facto que tinha de fazer a grelha para a Cabra e não estava numa onda de aturar Os Seis Sinais da Luz – era feriado, já tinha um Herzog na barriga, resolvi ir dar uma oportunidade ao cinema nacional. Medo? Muito, acrescentado pelo facto de ter lido a sinopse. Travestis? Homossexuais? Síndrome de Down? Meeeeedoooo….
Sim, muito aclamado lá fora (sei lá onde? Que garantias é que me dão que lá fora não são todos doidos?), prémios para Filipe Duarte (hum… o rapaz costuma safar-se bem), talvez até ficasse bem impressionada. Acresce-se o facto de que estes filmes portugueses saem em edições DVD de vinte exemplares, todos enviados para a Fnac do Chiado em Lisboa. (pois, porque eu queria partilhar a minha opinião sobre O Mistério da Estrada de Sintra com os meus amigos e cadê? Para piorar é o género de coisas que ninguém se preocupa em pôr nos circuitos ilegais internéticos…). Por fim, a Lusomundo – que todos sabem, pelo menos eu esforço-me para que saibam, tem uma óptima política de exibição em Coimbra -, uma semana após a estreia, resolveu pôr o filme numa única sessão diária, às 21.40. Numa cidade que tem uma sala ocupada pelos Robinsons – versão portuguesa há muito tempo (claro que para o Dr. Bacalhau são meros segundos), e duas salas para o Corrupção… bem, não é preciso escrever mais nada.
Mas fui, contra todas as expectativas. Gosto que se façam de difíceis comigo. (por acaso não, mas era uma piada fácil e não resisti). E contra todas as expectativas… gostei. Muito.
Primeiro – tem uma direcção de fotografia tão boa que dá vontade de chorar. E, ao contrário do que uma pessoa se tinha habituado na cinematografia nacional, tem direcção de actores. E a história… por estranho que pareça, conseguiu manter-se durante umas duas horas sem cair uma única vez no cliché. Oba oba. O que se pode pedir mais? A banda sonora, da autoria de (), serve às mil maravilhas. A cena inicial, em que vemos Filipe Duarte (essa nova esperança do cinema português, que já fez de tudo com todos, e que espero um dia ter o prazer de trabalhar com ele – graxa graxa graxa) travestido a cantar em playback uma música manhosa qualquer, desarma qualquer um. Bem, talvez não os homofóbicos.
Tudo o que vem depois – o conformar-se com a morte do namorado, o ir viver com a irmã e o sobrinho, a ex-noiva abandonada no altar – é contado de uma maneira muito simples, mas sem nunca cair em paradigmas televisivos ou telenovelescos. Já sabemos que Filipe Duarte será redimido pelo sobrinho ‘diferente’, mas surpreendermo-nos ao perceber que também o sobrinho ficará a ganhar com o contacto com o tio ‘esquisito’. A marginalidade de ser diferente, de estar na outra margem, também pode ser o melhor que nos aconteceu. E o que nos define enquanto pessoas.
Dá-me esperança que se falam filmes assim, simples e profundos, neste inferno cinematográfico à beira-mar plantado. Boa, Luís Filipe Rocha.
Sim, muito aclamado lá fora (sei lá onde? Que garantias é que me dão que lá fora não são todos doidos?), prémios para Filipe Duarte (hum… o rapaz costuma safar-se bem), talvez até ficasse bem impressionada. Acresce-se o facto de que estes filmes portugueses saem em edições DVD de vinte exemplares, todos enviados para a Fnac do Chiado em Lisboa. (pois, porque eu queria partilhar a minha opinião sobre O Mistério da Estrada de Sintra com os meus amigos e cadê? Para piorar é o género de coisas que ninguém se preocupa em pôr nos circuitos ilegais internéticos…). Por fim, a Lusomundo – que todos sabem, pelo menos eu esforço-me para que saibam, tem uma óptima política de exibição em Coimbra -, uma semana após a estreia, resolveu pôr o filme numa única sessão diária, às 21.40. Numa cidade que tem uma sala ocupada pelos Robinsons – versão portuguesa há muito tempo (claro que para o Dr. Bacalhau são meros segundos), e duas salas para o Corrupção… bem, não é preciso escrever mais nada.
Mas fui, contra todas as expectativas. Gosto que se façam de difíceis comigo. (por acaso não, mas era uma piada fácil e não resisti). E contra todas as expectativas… gostei. Muito.
Primeiro – tem uma direcção de fotografia tão boa que dá vontade de chorar. E, ao contrário do que uma pessoa se tinha habituado na cinematografia nacional, tem direcção de actores. E a história… por estranho que pareça, conseguiu manter-se durante umas duas horas sem cair uma única vez no cliché. Oba oba. O que se pode pedir mais? A banda sonora, da autoria de (), serve às mil maravilhas. A cena inicial, em que vemos Filipe Duarte (essa nova esperança do cinema português, que já fez de tudo com todos, e que espero um dia ter o prazer de trabalhar com ele – graxa graxa graxa) travestido a cantar em playback uma música manhosa qualquer, desarma qualquer um. Bem, talvez não os homofóbicos.
Tudo o que vem depois – o conformar-se com a morte do namorado, o ir viver com a irmã e o sobrinho, a ex-noiva abandonada no altar – é contado de uma maneira muito simples, mas sem nunca cair em paradigmas televisivos ou telenovelescos. Já sabemos que Filipe Duarte será redimido pelo sobrinho ‘diferente’, mas surpreendermo-nos ao perceber que também o sobrinho ficará a ganhar com o contacto com o tio ‘esquisito’. A marginalidade de ser diferente, de estar na outra margem, também pode ser o melhor que nos aconteceu. E o que nos define enquanto pessoas.
Dá-me esperança que se falam filmes assim, simples e profundos, neste inferno cinematográfico à beira-mar plantado. Boa, Luís Filipe Rocha.
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