O must-see indie desta ano (mais ou menos indie, não me chateiem com detalhes…), que falhou as nomeações para melhor filme por causa dos gays de São Francisco. Entre famílias disfuncionais e famílias alternativas, também eu, tal como a Academia, optaria pelas segundas.
Roberto Jonathan Demme, que por terrível coincidência faz anos este domingo (uns 140, para aí), não nos brindava com um filme desde The Manchurian Candidate. Digo, com um filme que aparecesse aqui por Portugal (o que não estreia na Lusomundo não existe realmente, até vocês devem saber disso. Os tais filmes giros que vocês julgam existir são apenas a velha conspiração americana a brincar com as nossas mentes, para nos deprimir e fazer consumir mais recursos naturais). Portanto, depois de quatro longos anos, Demme resolve dar-nos um pouco do seu jeito para o filme digital. Ohhhh. À mão, como convém a qualquer filme pós-Bourne que se preze (a maldade no meu tom é tão grande que até me saltou uma tecla do portátil. Muahahahahah.). Preenchendo a lacuna deixada pela morte de um tal John Cassavetes em 1989, quiçá comemorando os vinte anos da morte dele, eis que estamos perante uma personagem feminina que nada deve em perturbação à protagonista de A Woman Under the Influence, Mimi, Kiwi, Sissi? Mabel! Mabel, como é que não me lembrei antes…
Portanto, Kym (aqui interpretada por uma Anne Hathaway que até acho que merece mais o homenzinho nu que Winslet, mas pronto, a minha opinião nunca conta nada para aqueles anormais – no sentido fofinho da palavra, claro - da Academia…) está bastante perturbada com acontecimentos do passado, e volta a casa após uma reabilitação bastante penosa a tempo para o casamento da irmã ‘boa’, Rachel. É claro que tudo corre mal, com bastantes gritos e discussões e tentativas frustradas de suicídio (uma espécie de), e nós com tanto volteio de câmara julgamos que estamos no meio daquela coisa toda e começamos a pensar que a nossa família é tão, mas tão normal, graças aos deuses, e pronto, de repente acaba tudo como começou, indefinido, e nós damos por nós a pensar: “mas que fantástica banda sonora que este filme tem”, e “devia fazer um corte de cabelo como aquele”, e pronto, mais um check na lista de filmes a ver antes dos Óscares.
Deixando o sarcasmo de lado (isto do humor britânico está-me a atingir mais do que eu pensava), a narrativa do filme está muito bem estruturada (a guinista, Jenny, é filha de Sidney Lumet, por isso ai dela que desgraçasse a honra da família…) , o que conjugado com um estilo de filmagem mais livre dá-nos muito mais, ouso dizer, do que estaríamos à espera por aquele estranho trailer que andava a passar nos cinemas. A banda sonora, como acho que ficou subentendido algumas linhas atrás, é de comer e chorar por mais. Hathaway é uma força da natureza num papel que lembra muito Angelina Jolie em Girl, Interrupted (o que pode ser um bom indício para a actriz que começou carreira a fazer – lembram-se? – Diários de uma Princesa). Além do mais, é homónima da mulher de Shakespeare, e decerto que todas as feministas empedernidas (nas quais desta vez me excluo) sentirão um perverso prazer a ver uma Anne Hathaway a ser mundialmente reconhecida por alguma coisa (além de um par de...chifres literários...)
Já descambei outra vez… UUfff… Melhores momentos: todas as cenas em que Hathaway está, que felizmente são muitas; os discursos do ensaio do casamento; o delicioso que parece aquele bolo azul com um elefante; a música, mais uma vez, especialmente a versão rock da Marcha Nupcial; o momento em que Rachel dá banho a Kym…
Momentos um pouco menos uau: bem, por vezes parece mesmo, e apenas, um vídeo caseiro de uma festa de casamento muito atribulada…
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