segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Hot Fuzz (2007), Edgar Wright


Eles estão de volta….

Há três coisas fantásticas na Grã-Bretanha (pelo menos). A primeira é o príncipe William. A segunda é o sotaque. A terceira é a comédia.

Porque ninguém é tão refinado em termos de humor do que os ingleses. Uma coisa é certa – ou se ama ou se odeia. E não há dúvidas que eu tenho grande orgulho em me inserir na primeira opção…

Depois de Shaun of the Dead (uma paródia poderosíssima aos filmes de zombies, aclamada pelo próprio Romero, e que teve a estranha tradução em português de MoZombie Party: Uma Noite de Morte), Simon Pegg e o seu amigo cheinho (os novos Bucha e Estica, mas com estilo –e sotaque) vêm dar um novo ar da sua graça, desta vez aos malfadados filmes de acção, mais concretamente ao buddy movie.

As marcas de autor estão lá (sim, leram bem, marcas de autor): os cornetos, o estilo, o pub. Desta vez o problema é ( nome da personagem), um polícia de Londres que cumpre o seu dever bem demais e é por isso destacado para uma vilazeca da província, daquelas em que nunca acontece nada de interessante. Ou assim seria de supor. Mais que os jovens que grafitam, prejudicando a nomeação da vila à melhor vila da Grã-Bretanha, o super-polícia (ajudado por um reticente amigo, (nome da pers. aqui), irão desvendar uma conspiração poderosíssima e ter de batalhar para restabelecer a paz. Qual Máfia qual carapuça – nunca um mini-mercado escondeu tantos esqueletos nas prateleiras.

A música é completamente kitch, aliás, por dar a volta, camp (desculpem os termos pretensiosos mas tenho de usá-los para não os esquecer. Além de vos dar a oportunidade de usar o google para alguma coisa mais além de procurar pornografia). E com uma montagem xpto (lê-se xis-pê-tê-ó, e em termos leigos significa que os meninos sabem usar o Avid a sério), que cita inúmeras cenas dos filmes do género (filmes que estão presentes, aliás, de forma escarrapachada, nos filmes que os dois amigos alugam para ver, e que lhes servirão de inspiração para o grand finalle), desde… eu até explicava, mas isso estragaria a piada, acho eu.

Que dizer de Simon Pegg, além de eu apostar as minhas sapatilhas preferidas (e muito, muito maltratadas) que mais uns anitos e se tornará uma referência, digamos, ao nível de Rowan Atkinson, Eddy Lizard e, heresia heresia, Monty Python? Aqueles olhos albinos, cabelo louro à escovinha, corpo bem tratado, sotaquezinho britânico… se não fosse a existência do Clive Owen, não me escapava.

O seu amigo, compincha - Nick Frost – faz genialmente um boneco de pessoa sem ambições (novamente, mas faz tão bem que não me vou queixar pela repetição… por enquanto), mas é obviamente um sidekick, que não estou a ver a resultar sem estar ao lado de um Pegg. Estou enganada? Espero que sim.

Grandes momentos do filme – Explosões. Nós de cinema adoramos explosões. Principalmente aquelas completamente gratuitas, de grande estrondo a explorar toda o sistema de colunas Dolby Surround, filmadas em multi-câmara, e que ficam tão, tão lindas em laranja e amarelo, como se fossem nuvenzinhas fumarosas e morninhas. Hummmmmm…. Depois, o que acontece ao mauzão da fita é também de uma perversidade fofinha. (eu estou numa fase de diminutivos, porque estou bem disposta. Não, não é o relógio biológico a dar horas. De maneira nenhuma).

Momentos menos bons? Não me lembro de nenhum assim flagrante. Não sei porquê, não teve tanto impacto em mim como Shaun of the Dead, mas presumo (porque sou presumida) que isso se deva à minha incredulidade e ignorância quando vi o primeiro. Agora já sabia para o que ia. E não fiquei desiludida. Sim, apesar de não ter o Clive Owen aos tiros, não me pondo assim as hormonas aos saltos, é uma comédia bem feita, britanicazinha, e que abre o apetite para receber o que venha a seguir daqueles lados Peggianos. Ouvi dizer que agora vai ser um projecto sério. Medo, muito medo? Nem por isso. Curiosidade.

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