E como já vi este filme antes de ser conspurcada pela escola de cinema e jamais vou conseguir voltar a essa inocência, e porque preciso de despachar esta crítica para falar dos filmezecos que tenho visto no cinema nos últimos tempos (muito, muito poucos...), aqui vai a transcrição do que enviei para a cara e querida Take (www.take.com.pt). Bolas, também mereço um pouco de preguiça intelectual...
Corre um mito na História do Cinema que George Lucas disse um dia que, para impressionar audiências, bastava matar gatinhos frente à câmara. A fórmula mágica foi evoluindo e parece que se descobriu o método infalível de arrancar gargalhadas do público: põem-se animais com olhos esbugalhados frente à câmara. Bugsy – assim se chama o porquinho-da-índia que merecia um spin-off ou dois – pode nunca ser nomeado a melhor animal secundário, mas nada o impede de tentar dar o seu melhor e conseguir o que o franchise Qualquer Coisa Movie já não consegue há muito tempo: fazer-nos rir.
E para gáudio do espectador, há muito mais do que animais felpudos neste regresso de Adam Sandler ao que sabe fazer melhor – comédias familiares com um toque de feel-good. Há quanto tempo não era possível ver um filme do género que não tem todos os melhores momentos no trailer? Ou um filme da Disney sem uma canção final de gosto duvidoso, mas com um medley inesperado de grandes êxitos do rock?
Adam Shankman, com longa carreira como coreógrafo, oferece-nos aqui um filme de um ritmo perfeito com gags visuais de desenho animado (indo mesmo à lâmpada luminosa de ideia genial ou a um cavalo vermelho chamado… Ferrari), mas sem cair no irrealismo fácil destes. O modo original como as histórias proféticas dos sobrinhos de Skeeter se vão traduzindo para o mundo real é sempre inesperado mas perfeitamente explicável, e por isso tal como o protagonista suspendemos a respiração à espera do aparecimento de Abe Lincoln em carne e osso num momento (mais uma vez) frustrado de romance. Sandler consegue levar-nos com ele numa variação fantasiosa da história de Cinderela sem nos deixar duvidar uma única vez do que vemos, se bem que a introdução de Marty Bronson, pai de Skeeter, convidando-nos a entrar no estado de espírito ideal de quem vai ouvir uma bedtime story, faz maravilhas nesse aspecto. Já Guy Pierce, mais uma vez o vilão de serviço, impressiona mais nos seus alter-egos fantasiosos (destaque especial para o seu equivalente medieval) do que no ambicioso contemporâneo Kendall. Deliciosamente pontuados por cameos inesperados, desde Roy Schneider a Carmen Electra, os devaneios narrativos de Sandler conseguem também ironizar certas regras do género cinematográfico, sempre com um suposto olhar inocente e infantil...
Mas sim, estamos perante um orgulhosamente ‘disneyado’ filme no melhor sentido da expressão, um filme que consegue agradar a miúdos e graúdos e que futuramente será comprado pela televisão e passado até à exaustão ao sábado de tarde. Isso não retira contudo o prazer de o ver em grande formato. Aliás, em grande formato… os olhos de Bugsy são ainda maiores.
Agora sim... FILMES CONSPURCADOS PELO TECNICISMO!! YEHHH!!!
5 comentários:
Participa na sondagem "Melhor James Bond com Roger Moore” até ao dia 12 de Março 2009, em http://additionalcamera.blogspot.com. Só faltam 10 dias!!
Participa na sondagem "Melhor James Bond com Pierce Brosnan” até ao dia 20 de Abril 2009, em http://additionalcamera.blogspot.com. Só faltam 16 dias!!
Olá, Lady S. Pesquisando sobre 'Goodnight Irene', sobre o qual escrevo uma matéria a respeito, me deparei com o seu blog.
A coincidência de assustar é o nome, a razão de ser e a língua: o seu é o 'Sunset Boulevard' e o meu, no Brasil, é 'Boulevard do Crepúsculo' (http://renatofelix.wordpress.com). Gostei do seu texto e virei outras vezes.
Abraço!
Olá Ladys,
Sou leitor do Sunset Boulevard e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o Sunset Boulevard.
Se você gostar do site, também peço que coloque um link para ele no Sunset Boulevard.
Se você quiser, me mande um email quando criar sua conta que eu verifico se está tudo ok.
Um abraço,
Marcos
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