terça-feira, dezembro 16, 2008

Bolt 3D (2008), Byron Howard & Chris Williams


Hum, esta coisa do regresso do 3D ainda não me convenceu, não… vocês imaginam o aborrecido que é para uma caixa de óculos como eu ter de pôr mais um par de lunetas por cima daquelas de que depende para ver alguma coisa além de um ambiente impressionista? E quando está uma dedada numa lente, nunca saber em qual delas é? Argh…
Lassie meets Truman Show. Infelizmente o conceito não fui eu que o descobri (isto de ler críticas antes de fazer o meu comentário tem esses inconvenientes plagiariais), mas define bem aquilo que fui ver. Yah, os tipos da Disney aprenderam a mexer em computadores! E pediram ajuda a alguém da Pixar para lhes orientar umas dicas. Consta. E o que é que resultou?
Um conceito bem interessante. Um filme bom (mas só bom, não ‘bastante bom’, nem ‘bonzito’, nem ‘yah, passa’), que não sei até que ponto seria melhor se visse a versão original, sem óculos especiais (tenho de confessar que, so far, até gosto bastante da dobragem portuguesa de filmes de animação, QUANDO NÃO SÃO OS SIMPSONS, claro). Personagem preferida para mim? Os pombos. Os pombos são geniais, e não me importava de os ter ao meu lado como conselheiros de carreira. Aliens. Brutal. O hamster Rhino não é tão fofinho como o meu arquétipo de hamster
[i], e a hiperactividade é um bocado irritante, mas passa. A gata anoréctica é um bocado estereótipo, não? (não deixa de ter piada puxar o conceito para um filme de animação onde tudo, por norma, é estereótipo…). O cão, protagonista, Bolt, tem mais piada como cão normal do que como superherói. É suposto? Se calhar. A miúda parece-se com uma das personagens do Ratatuille. Coincidência? Sabe-se lá…
História, história, história… comovente, previsível, filme para miúdos que não passa assim tão bem para um público mais adulto, quando mais para um projecto de adulto obcecado com vampiros como eu. A música (aka tema principal a la Disney) dificilmente poderia ser mais irritante. Seria o 3D necessário? Não. Definitivamente não. Pelo menos desta vez não tive de pagar o extra pelos óculos (adoro quando me convidam para ser a segunda pessoa dos convites para antestreias… faz-me sentir… vipe.). Melhor filme da Disney de há muito tempo? Deuses, espero que eles não estejam assim tão mal…
Bons momentos: todos onde estavam os pombos; as sequências de acção iniciais (se bem que se não tivesse com a porcaria dos óculos era capaz de gostar mais); a sequência ‘aprender a ser cão’; os cães do canil a dizerem ‘bola?’; a perche (eu e a Kel desatámos a rir, ninguém percebeu porquê
[ii]); o feel good do filme; e é tudo. Também gostei bastante do intervalo, quando o Edward se vai matar pela Bella, mas isso não estava no filme e as luzes apagaram-se e não pude ler mais…
Momentos ridócules: a música (argh); o incêndio final (duh); os créditos finais (agora tudo que é filme de animação imita o Wall-e nisso, é?); o 3D; o miúdo da fila de trás que não se calava com perguntas idiotas; os estereótipos da gata e do agente…
Hum, rói-se, mas entre ver o Bolt e aturar o Dumas prefiro este último… menos previsível… E tem dentinhos afiados…. :D




[i] Pessoas que convivem comigo decerto sabem do que estou a falar. Parem de rir…
[ii] ‘Lena, há uma perche entre nós…’. Desculpem, hoje estou toda private jokes…

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Twilight (2008), Catherine Hardwicke


Vampiros! Vampiros! Vampiros!
Claramente, tenho de ir mais vezes ao cinema à espera de ficar desiludida, porque sempre que vou com esperança de viver umas duas horas e tal bem passadas (a não ser que estejamos a falar de um filme do Clive Owen, claro), venho para casa a gemer o dinheiro do bilhete.
E estava mesmo certa que não ia gostar da coisa. Primeiro, tenho a banda sonora há mais de um mês e ao ouvi-la lembrava-me daquelas compilações Now 26 ou assim. O cheiro a teen flick, ok, mais teenage chick flick topava-se a léguas de distância da coisa. Depois, filmes de fantasia é tão raro serem bons, ainda mais filmes de fantasia baseados num best-seller. Quer dizer, basta olharem para os Harry Potters (à excepção daquele onde o senhor Cuáron meteu as talentosas mãos). E eu sei que os livros são bons, acreditem. Mantiveram-me a viver um hype durante vários anos, eu que gosto de ver em mim uma underground.
Sim, estou numa fase de vampiros, mas é uma coisa muito mais devida ao True Blood do que, digamos, ao Moonlight. E os cartazes e trailers que via apontavam todos na direcção deste último. That is to say, oh, uma humana que gosta de um vampiro, e ninguém sabe que é um vampiro, e tal, e romance e beijinhos românticos e coiso.
[i] E digamos que o facto de ter um tal de Robert Pattinson a fazer de vampiro-mor (aka Edward), ele, uma cara bonita que se passeou durante um Harry Potter só para morrer no fim, era extremamente suspeito. Tudo parecia montado para fazer um esquema de filme de Natal, para obrigar os milhões que leram os livros (eu não me incluo no grupo, já que me recusei inconscientemente a ler as coisas ou mesmo a saber do que se tratava, numa de underground birrenta).
Arrastei-me então para o Fórum a pé debaixo de chuva torrencial no dia de estreia para ver a sessão da meia-noite e despachar a coisa (sim, porque ficar de fora de um hype literário é uma coisa, não ver o blockbuster do momento é outra…), e se bem que estava até de bom humor depois de ver o saldo da minha conta, sentei o meu crescente rabo na cadeira azul à espera de me aborrecer um bocado com os clichés vampirísticos e o amori adolescenti e tal. A excitação que estava à minha volta na sala (não cheia, mas bastante razoável para a hora e clima), onde tudo falava dos livros (eu e a Kel sentimo-nos nesse momento não undergrounds mas ignorantes), parecia indicar um déjà-vu do meu visionamento cinematográfico do Tróia (onde as duas raparigas atrás de mim passaram o filme todo a comentar os corpanzis do Pitt e Bloom…)
Começam os créditos (depois de muita publicidade e poucos trailers, como sempre), recosto-me na cadeira, abstraio-me do cheiro a pipocas e concentro-me que nem uma aluna de cinema bem educada. E ao intervalo já tomei a decisão de acordar no dia seguinte – quero dizer, dali a umas horas – para ir comprar o livro. Mensagens subliminares? Não sei. Só sabia que a história estava a ser fantástica, o filme bem feito nas horas (fotografia divinal), os actores tão mais do que caras bonitas, e até a música, discretíssima, me estava a cair bem. No final reforcei a minha ideia de ir comprar a coisa TODA, já que os restantes espectadores, especialmente as raparigas, estavam um bocado desiludidas com o filme que não chegava aos pés do livro.
E A CRÍTICA PROPRIAMENTE DITA DO FILME COMEÇA AQUI.
Não querendo estragar a surpresa aos 5% da população mundial que ainda não leram o livro, mas a história é tão mais interessante do que seria de esperar no género… Bella é uma personagem feminina forte (tão raro acontecer), independente, um bocado desastrada e com um óptimo gosto para rapazes. Edward é um vampiro (mas só o vamos saber de certeza na segunda parte do filme), rude, que tem uma grande dificuldade em articular palavras, que não sabe se quer mais morder o pescoço de Bella ou dar-lhe um beijo (no fim do filme continua sem saber), um corredor nato e leitor de pensamentos (qual Sookie Stackhouse qual quê); passeiam-se por lá mais alguns vampiros (a família adoptiva de Edward, todos lindíssimos e jovens) e, claro, os humanos aborrecidos do costume. Também há uns índios, que vivem numa reserva perto – La Push – e são, segundo as lendas, descendentes de lobos e inimigos mortais dos cold ones (isto vai dar história para a frente, de certeza). Acrescente-se que os novos colegas masculinos de Bella ficaram louquíssimos com ela, e tal.
Aspectos tremendamente positivos: fotografia lindíssima, realização de mestre, boa adaptação
[ii], bons actores, música adequada (Bella’s Lullaby, principalmente, que é o leitmotiv da coisa), não resvala para o teen pic nem sei muito bem como, vampiros que não mostram os dentinhos nem se desfazem em cinza. Também muito bom o momento em que eles vão para a floresta, o jogo de basebol, toda a questão original amor/ódio, a reprodução da capa do livro…
Aspectos menos positivos: hum, tal como a mim, a origem do filme pode assustar um bocado as coisas. Além disso, percebo agora porque é que os leitores de Meyer se podem sentir desiludidos com a coisa: afinal, o livro é riquíssimo em detalhes e nuances, coisas que o filme não pode, pelo seu tempo reduzido, reproduzir na íntegra.
Sim, claramente um óptimo cruzamento romance/sobrenatural, à lá Anne Rice. E pronto, tenho de acabar por agora porque quero comprar o segundo livro… muahahahahah. :D

[i] Para quem não sabe (já tinham saudades das notas de rodapé, não tinham? :d ), True Blood é muito mais na linha: f*de-me com força, seu vampiro charmoso, ostracizado e mauzinho que mata pessoas)
[ii] Sim, entretanto, no espaço entre uma linha e outra acabei de ler o livro. Muahahahaha.