segunda-feira, outubro 23, 2006

A Dália Negra (The Black Dahlia), de Brian de Palma- 2006



Tenho de confessar, não conheço muito bem a obra do sr. de Palma. Ou seja, ignoro se o filme corresponde às expectativas dos seus múltiplos admiradores, assim como não sei identificar as marcas de estilo daquele que é conhecido como o mestre dos filmes de gangsters, ou assim o dizem os livres teóricos e a Internet. Anyway…

‘The Black Dahlia’ é um noir do século XXI. Só por isso, merece uma ovação. Hurrah! Pronto, chega. E está muito, mas muito mesmo, bem filmado. A raiar o impressionante. Palmas para isso também. Particularmente interessante o momento em que surge o cadáver da put… perdão, da rapariga em questão. Nunca é filmado na totalidade. Só pedacinhos. Por um lado, lá estava eu com medo e repulsa antecipada pelo que sabia ali estar (a descrição do polícia é bastante enervante, não?), por outro, o desejo macabro de ver um corpo aos pedaços. Blhec! Lá me satisfazem a vontade, mais à frente. Pormenores, é certo, mas são eles que distinguem um bom realizador de um… vejamos, Spielberg nos dias da ‘Guerra dos Mundos?

Em relação à história (e vocês sabem quanto vale este aspecto na minha avaliação, o que explica a obsessão pelo sr. Burton…)…welli…é uma adaptação de um livro, onde acaba o livro e começa o filme não faço a mínima ideia (tenho uma pilha de livros técnicos para ler, infelizmente não tenho tempo para literaturas), e além disso é uma história de noir, com tudo o que isso implica. O que quero dizer é que, enquanto história de noir, resulta muito bem. Dentro de mim, contudo, ficou a sensação de vazio, a falta de algo para além disso – e que não fosse uma subtrama de detectives homossexuais… Principalmente o final, ao fugir ao ficar tudo resolvido de uma vez – novamente, isso, está no livro? Bites me -, prolonga o mistério mais um bocado, mas como a grande revelação – quem matou o ‘António’ – já foi dada, ficamos naquela de ‘então, isto não acaba porquê? Quero ir à casa-de-banho!’. Mesmo se é assim no livro, o bom da adaptação é que pode fugir ao livro – e este nem é uma besta-célere (vulgo best-seller) que põe em causa seitas católicas (como adoro cortar em filmes que fazem parte do Top 10 Os 4 euros mais mal gastos da Minha Vida)...

Banda sonora: boa, mas nada de extraordinário. Actores: Josh Harnett, parecias, pela primeira vez que me lembre, um adulto e não um poster da Super Pop. Parabéns. Scarlett Johansonn, já sei que és a nova Diva de Hollywood – e deve ser por isso que me andas a enjoar – mas ainda te falta um ‘As Horas’ para mereceres a minha atenção. Até lá, contenta-te em substituíres a Mia Farrow nos filmes do americano renegado. Hilary Swank – uau. Sim, é um elogio.

Mais uma coisinha. Por momentos julguei ter entrado na sala errada. Primeiro, venderam-nos bilhetes para uma fila que não existia (novo objectivo de vida: comprar a Lusomundo e desmantelá-la, pedacinho por pedacinho.) Depois, aquela cena do boxe, Mr. Fire e Mr. Ice, se bem que proporciona um bom momento de humor negro mais tarde… pode ser porque eu sou uma rapariguinha europeia, mas…c’mon! Parecia o Cinderella Man…

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