quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Happy-Go-Lucky (2008), Mike Leigh

Oh! What-chu-ma-call-it ding dang dilly dilly da da hoo hoo!

(não, a minha percepção de pronúncia londrina não é assim tão boa, fui apenas ao IMDB…)

Sim, um filme feliz, colorido e passado em Londres. Com uma protagonista deliciosa e excêntrica que se recusa a casar, ter filhos, fazer um empréstimo e comprar uma casa, ou vestir-se de uma maneira monocromática. Educadora de infância, trinta e tal anos, a aprender a conduzir pela primeira vez, sempre alegre e contente e tal. Oh, Poppy! We love You!!! Marry Me!!!

Ahhh… Mike Leigh, Mike Leigh… Eu sei que troquei o teu patronato pelo do Terry Gilliam, mas que se há-de fazer? Que tipo de realizador julgavas tu que eu pensava que eras quando vi o Vera Drake e o famosíssimo Secrets & Lies? Nunca pensei que o teu método – no script, please – pudesse resultar numa coisa tão… tão… tão alegre. Yehhh. Quero saltar de trampolim, saiam da frente.

(uma cama partida e muitos berros mais tarde)

Sim, Happy-Go-Lucky, seja lá como estiver traduzido em português que nem vou ver para não me chatear, é um óptimo filme para voltar a acreditar na vida. Ou para justificarmos a nós próprios a razão porque não queremos ser adultos e responsáveis. Ou porque sim. Sim, esta é claramente a melhor razão de todas. Porque sim.

Além do filme ser fenomenal quando o vemos tendo em mente que todo ele resultou de improvisos e muitos ensaios sem guião – o senhor Leigh é um senhor de actores, claramente -, a personagem de Poppy é tão inesquecível, tão naif e ao mesmo tempo tão perspicaz, que qualquer um de nós mais não pode do que se render aos seus pés com botas de pele de crocodilo. Não dá. Não conseguimos desviar o olhar de tanta alegria. Damos por nós a gostar muito de respirar e tal, e no fim do filme deitamos fora o suicide kit e os papéis do IRS.

A mistura de um estilo de realização clássico (isto não podia estar mais longe de J. Cassavetes, apesar do espaço ao Actor em detrimento do Guionista) com diálogos e actuações nascidos de pequenas indicações e sugestões dá uma frescura à representação, um je-ne-sais-quoi de realismo que nos devora por dentro e deixa-nos a querer comer chupa-chupas e viver em Londres. [i] Mesmo os grandes momentos dramáticos das aulas de condução (um bocadinho de menos qualidade, porque essas foram filmadas em vídeo – eu sabia! Yehehh para a –soon to be - expert em cinematografia), com a fascinante personagem de Scott, o instrutor de condução frustrado que supostamente odeia Poppy, mas… Pois, já estão a ver onde a coisa vai dar, certo? Ohhh, vocês são uns fofinhos.

Melhores momentos: todos, mas senti-me particularmente tocada pelo encontro de Poppy com Charles, no pub. Muito intenso, sentiam-se faíscas por todo o lado. Excelente direcção de actores. Os créditos iniciais. A música. O ‘drama’ com a irmã mais nova, grávida e com uma casa própria; todas as cenas filmadas em sítios onde eu estive (tão divertido reconhecer lojas onde entrei, sítios onde comi pizza, etc etc); a cor, as cenas na escola, o momento ‘pássaro’, as aulas de flamenco, o trampolim… Menos bons momentos? Alguns, mas a vida é mesmo assim, né? Pois. O que interessa é olhar sempre com bons olhos. Mirrors, signal, maneuver, En-ra-ha. En-ra-ha. Não esqueçam.
(En-ra-ha)
(EN-RA-HA!!!)

[i] é claro que nem tudo o que queremos podemos ter. Não posso comer chupa-chupas porque me fazem mal aos dentes… e Camden fica-me longe da escola…

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