quarta-feira, novembro 08, 2006

Children of Men (2006), Alfonso Cuarón


Lá tive de ir ver este, já que a Marie Antoinnette está longe de aparecer pelas salas de Coimbra...
Alfonso Cuarón será sempre para mim o senhor que salvou o Harry Potter das adaptações fatelas. E isso é dizer muito. Sim, o terceiro volume da saga é um dos mais interessantes, mas a capacidade de estragar uma boa história anda por aí à solta e é imprevisível (cf. Ron Howard e o seu bloca buster do Vinci). E que o tipo tem jeito para a coisa, ninguém o pode negar.
Sobre os Filhos do Homem, bem, é um bom filme. Poderia ter mudado a minha vida se eu tivesse ido noutro estado de espírito ao cinema, i.e., sem a vontade irresistível de fazer piadas de tudo e mais alguma coisa. Digamos que me ri muito de coisas supostamente dramáticas, mas o filme, como todo o seu humor negro (para mim um dos melhores traços do filme) puxa pra isso.
A história passa-se numa Inglaterra futurista e perfeitamente verosímil. Terrorismo e poluição com força, e, pior de tudo, deixou-se de parir. Ou seja, a raça humana caminha para a extinção. Eis senão quando surge Clive Owen (o único ponto positivo do Reino dos Céus de Ridley Scottex), muito conformado com a sua vidinha de merda, e, de repente, tem a oportunidade única de salvar o mundo com chinelos de enfiar no dedo. Hurrah!
A história é excelente. Ainda mais quando podia ter fugido para fatela em tantos momentos. Matar a Julianne Moore logo na primeira meia-hora de filme (seria por honorários demasiado altos) foi uma boa opção. A tipa estava com um ar muito sonsinho, e o Clive Owen é muito mais atraente quando não tem tipas a cuspir-lhe bolas de golfe para a boca. Nada é desnecessário, os pequenos pormenores estão muito bem pensados, um final brusco, para deixar espaço à interpretação da obra aberta. Ou não.
Clive Owen, brutal, esse sotaque parte tudo, mas, muito mais que isso, és um cabrão de um bom actor e ninguém te pode tirar isso.
É um filme cheio de bons momentos. O nascimento do bebé, a saída do prédio por entre as caras espantadas de todos (e a explosão súbita que nos arranca do ambiente onírico), e mais que tudo, a ideia de salvar o mundo de chinelos. Ainda melhor que a ideia de construir um império de roupão (cf. Hugh Heffner).
A verdade, mes amis, é que eu tenho um estranho fascínio por filmes futuristas. Fui ver O Dia Depois de Amanhã ao cinema, e isso diz muito. E o meu filme preferido é o Inteligência Artificial. No fundo, eu adoro ficção científica, mas não fica nada bem a uma gaja dizer isso.
Vale a pena todos os cêntimos do bilhete. A sério. Não me desiludiu, pelo contrário. Ultrapassou em muito as expectativas.

1 comentário:

Dário Ribeiro disse...

Como vês... eu nisso raramente me engano! Quem falou, que foi? ;0))

Mas ó Sarinha... o excelente Ridley Scott ligado a esse devaneio chamado "King Arthur"? Eu sei que o "Kingdom of Heaven" não foi do agrado de toda a gente, mas não havia necessidade... ;0P

E bolas de golfe??? Xiii... É que nem a Moura Guedes teria poder de impulsão para cuspir um esférico com esse peso... já uma bola de ping pong... ;0)

Just kidding. Bjs. ;0)