quarta-feira, outubro 22, 2008

Burn After Reading (2008), Joel & Ethan Coen

Ah, o magnífico syndrome pós-Óscar… pelo menos não foram filmar um concerto dos… deixem pensar qual é o equivalente musical dos Coen… White Stripes?

Hum, eu sei o que estão a pensar, vou falar de certeza no bom que é ver o Brad Pitt e o George Clooney, esses ícones sexuais das fêmeas heterossexuais, no mesmo filme… ná. Tenho os interruptores hormonais desligados.

Pois, o filme. Acho que devia haver um enorme cartaz à entrada da sala a dizer :’Comédia negra – i.e., não inclui humor fácil com traques e enormes mamas balouçantes.’ Os deuses sabem como me apeteceu gritar isso ao ser que batia palmas no fim enquanto falava – como se nos interessasse imenso a opinião dele – ‘eh pá, que filme tããão divertido’, enquanto o agarrava pelo colarinho e comentava maldosamente o mau gosto para sapatilhas da namorada/amiga colorida/queca ocasional. Mas tenho de dizer, em abono da verdade, que este filme é um piolhito insignificante ao pé do filme negro que para mim serve de referência nos Coen, The Big Lebovsky. De qualquer maneira, bater palmas no fim de um filme irrita-me soberanamente e as pessoas que fazem isso deviam ser levadas para Guantánamo. (a não ser, claro, no caso em que o infeliz realizador esteja na sala, e mesmo assim…)

A história é requintada – muito bem conseguida a forma como vai construindo a tensão no primeiro e segundo actos, sem que consigamos perceber que raio se passa, e de repente, quando estamos descansadinhos, zás, reviravolta inesperada (mas sobejamente anunciada, ao ver a coisa em retrospectiva… como é que eles conseguem, deuses?), e a coisa descamba. Demora um bocadinho demais a acontecer efectivamente alguma coisa, se bem que os diálogos deliciosos à lá Coen vão servindo para não morrer de tédio (e a peculiar técnica de realização, o ênfase no vazio – mesmo nos edifícios governamentais, sempre desertos -, a construção de ângulos pouco usuais, etc etc teca teca). Sim, até ao intervalo não acontece nada. Depois, o final sabe um bocado a, sei lá, maroto da parte deles, porque sabemos do destino das personagens pelo discurso e não pela imagem (coisa tão europeia, credo). E esqueceram-se de UMA!!!! Que raio aconteceu à fria, calculista e ruiva Tilda Swinton? Foi para casa polir o Óscar? Desistiu do Harry (Clooney) e inscreveu-se no ginásio? (HardBodies ou assim…) Whatever…

Grande actor do filme, e não querendo menosprezar os outros todos, mas o meu voto vai ter com o Brad Pitt. Não sei se o penteado realmente ajudou (o Bardem não se pode queixar nesse departamento…), ou se, como muitos suspeitavam (mesmo aqueles que não têm vaginas ou estilos de vida alternativos), ele é um óptimo actor. Inclino-me para a última. Ele é a encarnação da estupidez em pessoa. Clooney parece ter sido fintado pelos irmãos e ter sido posto a representar uma variante muito caricaturada de auto-biografia… McDormand – mais um penteado esquisito – parece que, de há uns anos para cá, faz sempre o mesmo papel (com pequenas variantes, ou então estou a ter muita pontaria com os filmes que vejo dela…). Malkovich para mim será sempre o francês do Johnny English (sim, mesmo depois de ter visto o Ligações Perigosas…) O Mr. Fischer dos Six Feet Under … camisa abotoada até cima, ar apaixonado desesperado…ooohhh… Swinton quero-a ver o mais depressa possível num papel de boazinha, para me decidir sobre ela.

Há música (que vai gozando com o espectador ao construir momentos de tensão para o nada…), há espiões, há uma agência de encontros pela net, há a Embaixada Russa e os ipods. Melhores momentos: quando sabemos finalmente o que Harry está a construir na garagem, o encontro de Linda com o homem dos óculos esquisitos, e, claro, Brad Pitt a sair do armário da pior maneira possível (a metáfora não é no sentido habitual, receio). Apelidos estrangeiros, bom toque.

SPOILER ALERT!

O que interessa é que a moça conseguiu o dinheiro para a operação. E o resto são balelas!

END OF SPOILER ALERT

Piores momentos: ai. Demora a desenvolver, não é um Filme Maior, não tem o Bardem atrás das pessoas com uma botija de ar comprimido. Mesmo assim fãs dos manos não vão chorar o dinheiro do bilhete. Acho eu.

Sem comentários: