segunda-feira, outubro 12, 2009

Fame (2009), Kevin Tancharoen

Toda a gente que conheço me perguntou: mas porque raio queres ir ver esse filme? Não vês que é um daqueles remakes que Hollywood fez só porque alguém andava a dormir com alguém e era preciso arranjar-lhe um biscate qualquer?

Bem, mas eu sou muito teimosa. E sei lá, o trailer despertou em mim qualquer instinto adormecido, sonhos de eternidade, ah a beleza do showbiz, etc etc.

E quantas vezes nos podemos gabar de a ida ao cinema em si ser tão mais interessante que o filme? Ahein? Sim, que eu a entrar no Odeon Kensington pela primeira vez, a percorrer corredores e corredores de cores diferentes, seguindo setas dúbias, entrando numa sala completamente às escuras, e assustando os coitadinhos dos projeccionistas (sim, CLARO que fui a única pessoa na sala...), foi suficiente para me dar vontade de actualizar este blog (mais ou menos, dentro dos possíveis, sei lá....)

Fame é o filme que prova, finalmente, o quão desinteressante é o mundo do espectáculo. Eu estou na escola de cinema, eu sei do que falo. Não há coisa menos glamourosa que tentar provar aos outros que temos um emprego de glamour. Não há estilo quando se carregam Arriflexes por todo o lado.

Não vi o original dos anos 80, não. Depois disto, duvido que veja. Gostava da série, sim. Talvez por isso me sinta tão enganada quando dou não com uma história mas com uma sucessão de eventos postos em catadupa e tentando abranger todos os 'tipos artísticos' possíveis. Oh, tem mesmo um realizador de cinema. O que raio está um realizador de cinema a fazer numa academia de artes performativas é uma pergunta tão pertinente como perguntar o que é que eu estive a fazer naquela sala de cinema durante duas horas em vez de ir ver um filme de jeito. Mesmo que fosse no computador.

Sim, Kevin Tancharoen, a quem devemos esta coisa (recuso chamar-lhe filme) não tinha ainda feito nada remotamente parecido com uma longa metragem, (séries de tv sobre dança, algumas coisas sobre a Britney Spears e as Pussycat Dolls), mas bolas, podia ter tentado em segredo na garagem até conseguir fazer a coisa em condições. No need to go public de uma maneira tão embaraçosa.

Até o final é assustadoramente parecido com a vida real (seria isto um documentário? Será?), onde nada está resolvido, ninguém tem emprego e pronto, há uma cerimónia de graduação para os papás com um espectáculo ONDE O RAIO DO MAIN THEME NÃO APARECE.

Porquê um remake? Porquê? Para agradar aos fãs do High School Musical? Nunca pensei escrever isto, mas o High School merecia um ÓSCAR ao pé desta... coisa. É que até a direcção de fotografia a armar ao dramático do pingarelho me irrita. E quando julgava que uma das muitas personagens desinteressantes nos ia elevar a algum drama atirando-se para a frente do metro... eis que as outras personagens desinteressantes a salvam.

Por favor, um abaixo assinado para uma troca de título. Eu proponho SHAME.

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