
W-T-F?
E sim, eu sei que toda a gente adorou, que o PT Anderson é o novo Welles com um petrolífero Citizen Kane, e Daniel Day-lewis é o Actor com Maiúscula.
Destas afirmações lamento só concordar com a última.
Este vai ser daqueles filmes que tenho de ver daqui a uns anos, outra vez, para ver se percebo se o problema é meu, ou da maioria das pessoas que puseram o filme num altar.
Primeiro, deixem-me confessar uma coisa – há coisas do filme que não vi, porque o aborrecimento que tomara conta de mim fez-me adormecer na segunda parte durante largos minutos, só acordando quando o Day-Lewis matava alguém ou bufava (ou seja, frequentemente).
Dito isto, as linhas seguintes são isentas de qualquer, bem, isenção crítica, dando apenas largas à minha subjectividade, e tão fortemente venenosas quanto conseguir, para contrapor às críticas adocicadas de quase toda a gente. E sim, incomoda-me partilhar alguns aspectos da minha opinião com alguns críticos portugueses, mas pronto, vamos lá descascar a coisa.
Primeira dentada de veneno: o PT Anderson passou a rodagem toda na casa de banho, com alguma crise de estômago? Parece. Porque tendo na mente Punch-Drunk Love, Magnólia e Boogie Nights (que vi há pouco tempo, para ver se tinha alguma alergia especifica ao senhor, mas não), onde é que ele está em There Will Be Blood (que carinhosamente trato por There Will Be Blharch), ahein? Onde está, onde está?
Segunda medusa flamejante? Julgo que a ausência de PT Anderson se deve ao bufar constante de Daniel Day-Lewis. Eu também tinha medo de estar ao pé de alguém tão assustador, com medo de apanhar raiva. O que acontece, na minha opinião, é que o actor enche de tal modo o ecrã que não deixa espaço para absolutamente mais nada. Nicles. Também acho que é por isso que tanta gente gostou do filme – pela excelente interpretação de Day-Lewis, apenas levemente riscada por um Paul Dano bastante prometedor – mas pensem comigo: além destes dois, o que há de bom no filme? Pois. O Eterno Nada.
História? Ai e tal, a ambição desenfreada, o petróleo, etc etc. Booooriiing.
Banda sonora? Ui, pizzicattos saltitantes, medo.
Fotografia, figurinos, plasticidade da imagem? Aspecto tão oleoso quanto o próprio petróleo. O que não é necessariamente mau.
Grandes frases: I drink your milkshake. ????????????????????????????? And the winner for the stupidest line goes to… Além que – ok, talvez tenha perdido essa parte enquanto sonhava com filmes melhores – o que é que isso tem a ver com seja o que for?
Apesar de tudo, lembro-me de um grande momento: a cena de conversão de Daniel Plainview, onde o bufar do protagonista até que cai bem. Parece mais um exorcismo, mas pronto. Na América dizem que a religião é assim, quem sou eu para desmentir?
Repito que isto é a minha opinião extremamente parcial, e que possivelmente há qualquer coisa no meu inconsciente ou vidas passadas que me faz odiar o filme,
Lembro-me agora: Plainview é um bom adjectivo para o filme. Mua-ah-ah.
PP. Mas não fui a única a topar com o vazio por detrás de Day-Lewis:
Mas pensem assim - um filme que desperta tanta raiva (dos detractores e dos fiéis), tem alguma coisa de facto. E adormecer uma tipa insone que normalmente só adormece depois das 4 da manhã, depois de 5 cafés ao longo do dia... é dose.