quinta-feira, janeiro 03, 2008

Fay Grim (2007), Hal Hartley


A mera menção ‘independente americano’ me faz correr, por norma, para as salas de cinema. Nunca tinha visto nada do senhor Hartley que, segundo a Ipsílon, teve o seu apogeu com três filmes no início dos anos 90 e depois embarcou numa viagem sem regresso para o mundo da Decadência Cinematográfica (críticos maldosos – eu recuso-me a acreditar antes de ver – dizem que o pai Coppola também por lá anda). ~

Fay Grim seria assim o aguardado regresso de Hartley ao caminho do bem. Repito, nunca tinha visto nada do senhor. E não vi nada depois de Fay Grim. A vontade que tinha desapareceu como por encanto. Como não tenho base de comparação, não acho justo fazer aqui um ataque ao filme ou ao realizador. Costuma-se dizer que os filmes que odiamos quando vemos a primeira vez correm sérios riscos de se tornarem os nossos preferidos anos mais tarde. Eu odiar não odiei, mas passei pelas brasas, que é uma coisa que nunca antes me tinha acontecido no cinema. Estava cansada, sim, mas não tãããão cansada assim. Os meus dois companheiros de sala ficaram até ao fim dos créditos, i.e., intelectuais. Não percebi se gostaram ou não. Saí rapidamente e fui tomar café.

Não gosto de críticas impressionistas, mas não sei como falar deste filme. Não sei mesmo. Irritou-me profundamente. Coisa que me irrite mais só Godard, mesmo. (sim, heresia, vou arder no Inferno, temos pena – estou Truffautizada, não gosto do Jean-Luc nem coberto de chocolate). As letras gigantes, os créditos a arrastarem-se durante a meia-hora inicial, as piadinhas intelectuais… deuses, se o francês tivesse morrido eu jurava que tinha reencarnado. Boa, boa, era a actriz – no sentido de qualidade de representação, explicite-se. E o guarda-roupa. A história? Um policialzeco muito estranho, talvez escrito por um pseudo-Dan Brown. Continuação de Henry Fool, soube depois. Planos… fácil. Os ímpares inclinados para a esquerda, os pares para a direita. Não, não estou a gozar. Sempre assim, até ao fim. Sim, irrita bastante. Final? Do que me lembro, do mais previsível possível.

Mas contenho-me. Será que estou a insultar o Varèse do cinema? Será quer é demasiado profundo e à frente para eu entender? Ou é pura e simplesmente oco e ninguém tem coragem de dizer que o rei vai nu? Não sei (penso maldosamente que se o realizador fosse português nem eu tinha dúvidas existenciais nem os críticos – penso eu, mas não ponho as mãos no fogo/figo – seriam tão expansivos).

Há filmes que tenho de ignorar e ver noutra fase da minha vida. Este deve ser um deles. Até daqui a alguns anos, então.

2 comentários:

Fernando Oliveira disse...

a sério, "vibradores a luz solar"?

Kelita disse...

LOL. Oh Nando, essa dos "vibradores a luz solar" é só no post que vem a seguir! LOL

quanto ao filme, não fui ver!portanto... não posso dizer nadita!lol

bjs