quarta-feira, julho 30, 2008

Miss Pettigrew Lives For a Day (2008), Bharat Nalluri

Ora muito bem - que raio está a Frances McDormand (vulgo senhora Fargo) a fazer num filme ao lado da cantadeira e cartoonesca Amy Adams???

Respondo-vos eu: a fazer mais um feel good movie que vai decerto passar na nossa televisão naquela bela época que normalmente chamamos de Natáli. Mas não entendam isto como depreciativo: fossem todos os filmes que somos obrigados a suportar enquanto comemos bolo-rei e bebemos champanhe assim, seríamos decerto pessoas mais felizes (damn you Barbie e o Lago dos Cisnes!)

Primeiro, é uma comédia de época. Isto significa roupa, roupa de época. E sapatos, e bolsas, e lingerie… ahhhhh. Depois, tem a McDormand, que não é só boa actriz quando trabalha para o marido. Está aqui deliciosa como mulher desempregada que, em busca de dinheiro, faz-se passar por uma assistente pessoal da mimada Delysia (uhhhhhhh), interpretada por uma surpreendente Amy Adams. Ora, Delysia precisa de ajuda para lidar não só com a parca arrumação da casa, mas também com os seus três namorados: o dono da casa onde vive, o filho do produtor musical que lhe poderá dar um papel num musical (assim concretizando o seu velho sonho de ser actriz) e o pobre pianista com quem cantava num clube nocturno. Portanto, Guinevere (o nome da personagem de McDormand) tem de a ajudar a nem mais nem menos do que encontrar o amor verdadeiro. Ohhhhh. Isto num só dia, enquanto aviões alemães sobrevoam Londres, e encontrando também – surpresa das surpresas – o amor verdadeiro para si própria. Ohhhhhhh.

Os diálogos são inteligentes, a fotografia deliciosa, a reconstrução histórica bastante cuidada (nota máxima para o director de guarda-roupa), música não me lembro bem (o que significa que não era assim tão má ou assim tão boa…, feita por Paul Englishby, responsável entre outras pela bso das curtas Ten Minutes Older: The Trumpet), actores estupendos na recriação de um tipo de comédia que parecia perdido nos confins do studio-system (aka screwball comedy).

Grandes momentos: principalmente a questão da máscara social, e da grande revelação final sobre Delysia – e a sua decisão arrancada a ferros, diga-se. O ‘caso’ de Guinevere é um pouco previsível, mas pronto, é uma feel-good comedy, não é um filme do Haneke.

Sim, é um filme de outros tempos, mas de vez em quando sabe tão bem…

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