quarta-feira, julho 30, 2008

Shine a Light (2008), Martin Scorsese

Após ganhar o óscar ao fim de não sei quantos anos a babar-se para cima do Robert De Niro, Marty resolveu dar uma de Godard e filmar os dinossauros aka Brigada do Reumático praticamente desconhecidos Rolling Stones. Hum. Filmes concerto, que não são em 3-D, nesta altura do campeonato, são sempre bem-vindos, mas será que acrescentam alguma coisa à curta história dos filmes-concerto???

O trailer é apelativo: ouvir Scorsese transformado em neurótico allenesco com os problemas que acarretam filmar um concerto de tal envergadura é qualquer coisa. O problema é que, os momentos de bastidores que aparecem no trailer, são os momentos de bastidores que aparecem no filme. Sim, assim tão pouco! Além das músicas propriamente ditas, também temos algumas entrevistas, sobretudo material de arquivo, que joga com a noção que eles nunca pensaram estarem a tocar com aquela idade, etcet etc. Sim, já percebemos que eles estão velhos. Sim, já percebemos que o Mick Jagger mexe-se que nem uma miúda de 15 anos. Sim, já percebemos que o Keith Richards é passado da cabeça. E???

Eu nunca perdoarei o Scorsese por não aparecer na versão final do filme (mas aparece na ost) a minha preferida dos Stones, Paint it Black. E pronto, vemos os Stones a abanarem-se em palco, a cantarem com garra (momento estranho no início quando Clinton aparece a apresentar o concerto…), com luzes que fazem as pessoas arder (sem o extra point de acontecer efectivamente algum desastre), e pronto, uns planos marados de grua, coiso e tal…

É muito raro um filme de concerto ser melhor que um concerto, e este não é. Além disso, parece que o senhor Scorsese está mais a fazer um hino à velhice e resistência dos Stones do que propriamente à sua música (que continua boa). É porreiro ouvir, convidados e tal, mas… ná… não me convence. Este é claramente um filme menor, ou de encomenda, ou um check na to-do-list. Nada mais do que isso.

Ok, é engraçado ver o baterista a suspirar e a limpar o suor da testa com as mangas, ou Richards a sair do palco numa evocação Raging Bull (o último plano, subjectivo, é muito bom), e a ignorância dos Stones nos anos 60. Mas, além disso, está lá mais alguma coisa? Não me pareceu. É bom, mas porque os Stones são bons – o filme nada faz para piorar ou melhorar a coisa.

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