sexta-feira, agosto 08, 2008

Los Borgia (2006), Antonio Hernández


Há dias em que, não sabendo o que ir ver ao cinema, escolho a produção europeia e desconhecida. Mais, numa semana em que fomos deliciosamente presenciados pela segunda temporada dos Tudors na 2:, diariamente em dose dupla, pareceu-me boa ideia ir ver um filme espanhol que falasse dos devassos Bórgia.

Mas porque é que ninguém me dá uma estalada quando tenho estas ideias peregrinas?

Pondo de lado o facto que filmes em língua espanhola são normalmente irritantes (excepções honrosas feitas para alguns filmes, por exemplo, O Labirinto do Fauno), e pondo de lado que os Tudor elevaram os padrões da reconstituição histórica a um nível bastante elevado, estamos perante um filme completamente dispensável de ter estreado em sala. Quer dizer, privaram-nos do prazer de ver The Underdog em ecrã grande, e põem lá esta paneleirice?

Exactidão histórica – ao nível de pormenores não faço a mínima, mas parece que seguiram as linhas gerais. Conseguiram a proeza de ter a Lucrécia Bórgia mais irritante de sempre, o que é qualquer coisa. E o irmão – será a personagem principal? – também é bastante espanhol…. Argh. Era suposto ser italiano, não????

Mais - o pior trabalho de iluminação de sempre. Sempre a pôr sombras nos sítios que deviam ser de relevo, e luzes nas zonas que pura e simplesmente não interessam. Narrativa? Tentam pôr o Rossio na Betesga, comprimindo não sei quantos anos de história (muitos) em quase três horas, sem fazer qualquer trabalho de selecção de acontecimentos relevantes. Aliás, põem o mesmo ênfase nos três principais membros da família (Alexandre, Carlos e Lucrécia), mas um ênfase tão superficial que podiam aprender com qualquer novela de horário nobre. Não, não nos apresenta às personagens – elas mexem-se, falam-se, mas para nós tanto nos faz. A construção dramática (um empolar de acontecimentos a caminho de um clímax) é inexistente. Os actores, credo, não me façam começar a falar. Roupas giras? Nem reparei. Os meus bocejos frequentes não me deixaram ver.

Bons momentos: bem, eu tinha saudades de não gostar mesmo nada de um filme…

Música: o mesmo tema, aliás, o mesmo excerto de tema repetido vezes sem conta, mesmo quando era absolutamente necessário, por motivos dramáticos, um tipo de música mais apropriado. Sim, eu de vez em quando faço isso nas curtas, mas, 1º são curtas; 2º, é com intenção cómica.

Mais uma coisa: as referências constantes ao reino de Portugal irritaram-me fortemente, e eu até que sou anti-patriótica. Mas isto vindo de um país que na altura nem país era… Cabrones.


(pelos vistos em DVD tem mais uma hora e tal... hum... mas porque raio insistem em estrear em sala mini-séries condensadas, porquê????)

1 comentário:

Kelita disse...

1º acho que não estava contigo, para poder dar-te um enxerto de porrada. É sempre uma boa forma de afastar-te das salas de cinema! LOL

Eu sei que não vi o filme, mas se dizes que é assim tão mau... eu acredito!

2º tens a certeza que a cena de luz, e sombra, música e tal, não é assim uma espécie de paneleirice de autor? Eu já não digo nada! Ás vezes premeiam cada coisa!

bem... tenho que ver quando passar na tv!